O cessar-fogo firmado entre Israel e o grupo Hamas na última sexta-feira (10), marcou o fim da guerra na Faixa de Gaza e trouxe um sentimento de alívio entre os refugiados palestinos que vivem em Morungaba. A cidade, com pouco mais de 13 mil habitantes, acolhe há dois anos dezenas de famílias por meio do projeto social “Vila Minha Pátria”, iniciativa voltada ao reassentamento humanitário de imigrantes em situação de vulnerabilidade.
Para quem recomeçou a vida tão longe da terra natal, a trégua é vista com esperança, mas também com cautela. Muitos perderam parentes, casas e memórias que hoje estão soterradas sob os escombros da guerra.
A professora Noura Al Jamal, acolhida em Morungaba junto com parte da família, falou à repórter Lília Teles, do Fantástico (TV Globo), sobre a dor de acompanhar o sofrimento de seus entes queridos em Gaza. “Os filhos do meu irmão, que deviam estar estudando, estão procurando água e comida. Vivem no perigo. A guerra é muito difícil. Eu sempre choro quando falo com eles. O rosto deles está cansado, triste”, desabafa.
Outro casal palestino acolhido na cidade, Akram e Haya Alzebda, também comemorou o fim dos confrontos, mas destacou que o momento exige união e solidariedade internacional. “É um sentimento de recomeço. O povo de Gaza merece viver. Mas o mundo inteiro precisa ajudar, não só o mundo árabe. Nossa esperança está em Deus. Ele vai resolver isso”, afirmam.
Para as crianças refugiadas, o fim da guerra não apaga os traumas vividos. Dana e Nabil Al Jamal ainda se lembram dos momentos de medo. “Morreram muitas crianças. Eu lembro quando estava indo jogar bola e caiu uma bomba perto de mim”, conta Nabil.
Desde o início do conflito, em outubro de 2023, o governo brasileiro resgatou 127 pessoas da região, em operações coordenadas pelo Ministério das Relações Exteriores. Morungaba se tornou o destino de algumas dessas famílias, oferecendo não só abrigo, mas a chance de um recomeço.
Segundo a ONU, cerca de 90% dos 2,1 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram forçados a abandonar suas casas durante os ataques. Para quem está em Morungaba, o fim da guerra não é apenas um alívio — é também um chamado à reconstrução, à solidariedade e à esperança.









