Imagem de um pôr do sol

Governo discute volta do horário de verão após risco de déficit de energia

23 de maio de 2025

O governo brasileiro voltou a discutir o retorno do horário de verão em 2025, depois que o leilão de reserva de capacidade, previsto para junho, foi cancelado. A medida aumentou o risco de déficit no atendimento dos picos de demanda por eletricidade no segundo semestre. A decisão final, no entanto, será política e levará em conta o impacto em outros setores da economia.

ONS recomenda retorno do horário de verão

Em 2023, o tema já havia mobilizado o setor de energia, após o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) recomendar o retorno do horário de verão. Segundo o órgão, a medida pode reduzir em até 2,9% a demanda máxima por energia no país.

O estudo aponta que o horário de verão ajuda a minimizar a chamada “rampa da carga” entre 18h e 19h — período em que a geração solar fotovoltaica cai, mas o consumo de energia aumenta. O adiantamento dos relógios postergaria esse pico de demanda, reduzindo riscos de sobrecarga no sistema.

Discussão volta após cancelamento de leilão

A discussão voltou à tona após o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) receber nova recomendação do ONS. Em entrevista à Agência Infra, o diretor-geral do ONS, Márcio Rea, afirmou que “tecnicamente é importante” a volta do horário de verão, e que a medida poderia ser implementada ainda em 2024.

O cancelamento do leilão que contrataria a disponibilidade de termelétricas a partir de setembro aumentou a urgência por alternativas. Como medida emergencial, o CMSE antecipou contratos de 2 GW em termelétricas previstas apenas para 2026. Novas ações devem ser anunciadas nos próximos meses.

Horário de verão foi extinto em 2019

O horário de verão foi extinto pelo governo Bolsonaro em 2019, com base em estudos que apontavam pouca economia de energia e possíveis efeitos negativos à saúde. À época, o pico de consumo ocorria mais cedo, e a medida perdeu efetividade.

Desde então, o cenário energético mudou: a capacidade instalada de geração solar saltou de 4 GW em 2019 para 56 GW em 2024. Esse crescimento, junto a novas rotinas de consumo, deslocou o pico de demanda para o fim do dia — reacendendo o debate sobre os benefícios da medida.

Setores apoiam retorno, mas governo ainda não decidiu

Apesar de o governo federal ter optado por não retomar o horário de verão em 2024, diversos setores — como turismo, comércio, bares e restaurantes — são favoráveis ao retorno. O Ministério de Minas e Energia também se mostrou aberto à proposta.

A definição final deve sair nos próximos meses e dependerá de análises técnicas, econômicas e políticas.

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