Preço do café tem alta de 80% em 12 meses e registra maior inflação em 30 anos
O café moído acumula uma alta de 80,2% nos últimos 12 meses, conforme dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados na sexta-feira (9), pelo IBGE. Esse é o maior aumento registrado para o produto em três décadas — desde maio de 1995, quando a inflação acumulada atingiu 85,5%.
A elevação dos preços neste período marca o pior desempenho desde a criação do Plano Real, já que os índices de 1995 ainda consideravam os preços anteriores à adoção da nova moeda, em junho de 1994.
Em abril de 2025, o café moído teve um aumento de 4,48%, o que indica uma desaceleração frente aos meses anteriores: 8,14% em março e 10,77% em fevereiro — esta última sendo a maior alta mensal em 26 anos.
Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, os preços continuam pressionados por fatores internacionais e pela valorização do dólar, que encarece as importações e afeta os custos da cadeia produtiva.
A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) já havia alertado em fevereiro que os preços continuariam subindo nos meses seguintes, uma vez que o repasse integral dos custos com a compra do grão ainda não havia sido feito ao consumidor final.
O que está por trás do aumento no preço do café?
Especialistas apontam uma combinação de fatores climáticos, logísticos e de mercado que contribuíram para o forte aumento no valor do café moído:
– Clima extremo: a combinação de ondas de calor e estiagem afetou a produção, fazendo com que as plantas abortassem os frutos para sobreviver. Essa situação vem se repetindo nos últimos quatro anos, incluindo geadas que também prejudicaram as safras. Nesse período, os custos da indústria com a matéria-prima aumentaram 224%, e o café ficou 110% mais caro para o consumidor.
– Redução na oferta mundial: países como o Vietnã, importantes produtores globais, também enfrentaram adversidades climáticas que impactaram a colheita.
– Encarecimento da logística: conflitos internacionais, especialmente no Oriente Médio, elevaram o custo do transporte marítimo e o preço dos contêineres, dificultando a exportação.
– Alta na demanda global: o café continua sendo a segunda bebida mais consumida do mundo, atrás apenas da água. O Brasil, maior produtor e exportador global, tem expandido sua presença em mercados internacionais, como a China, que passou da 20ª para a 6ª posição entre os maiores importadores de café brasileiro entre 2023 e 2025. Esse aumento na exportação impacta diretamente a oferta interna e pressiona os preços.
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